As emoções: uma cidade vulnerável

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Quem nunca teve um “piti”, um “chilique” ou encontrou-se num momento de irritação e agressividade que atire a primeira pedra. Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional” avalia que “as paixões muitas vezes solapam a razão.” Os animais também sentem emoções, mas diferente do humano não sabem o porquê delas. Hoje sabemos que possuímos um cérebro emocional, o sistema límbico e a amígdala cerebral têm ação predominante nas emoções no seu envolvimento com valência negativa, como o medo e raiva (Cosenza, Guerra, 2011) também estão envolvidos no desencadeamento das emoções positivas, como a sensação de bem-estar e prazer.

O cérebro exibe regiões importantes para as emoções, contudo, o cérebro interage com outras áreas. Nesse momento, vamos direcionar o leitor para adentrar nessa cidade vulnerável. A ciência ajuda no autoconhecimento, no entanto, algumas situações estão fora do nosso domínio. Temos tomado conhecimento, através dos veículos de informações, de desequilíbrio emocional de várias autoridades e profissionais liberais no Brasil e no mundo inteiro, como aconteceu recentemente, advogados em plena atividade na corte do STF chorando, resmungando, esquecendo da defesa do cliente e outros partindo para os “ataques” aos ministros. Ministros que se envolvem em assuntos alheios ao seu trabalho perdendo o equilíbrio emocional. Procuradores da república, desembargadores, juízes, médicos, artistas e religiosos que extrapolam a linha vermelha da civilidade e das emoções. Caindo do “salto”, perdendo o controle quando o momento é adverso, temos vistos muitos “reis nus”, pessoas expondo aquilo que guardava a “sete chaves”.

A casa onde fica as emoções não tem chaves, essas emoções são construídas com o tempo. Vou fazer uma comparação estranha para muitos: o bebê não controla o seu intestino, a criança consegue pedir para ir ao banheiro aliviar o que está incomodando ou o imprestável, o adulto tem o poder de escolha: decide o que comer, as suas atividades e seleciona o quer ouvir. As emoções passam pelas nossas censuras, pelo modelo de vida que adotamos e pelo autoconhecimento. As universidades e as escolas não treinam nem capacitam as pessoas para as emoções, as pessoas se viram nos 30.

O relato bíblico aponta que Caim matou Abel e quando se apresentou a Deus, foi percebido que Caim estava irado “Então, lhe disse o Senhor: por que andas irado, e por que que descaiu o seu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gênesis 4.7). Diferente dos animais, percebemos e podemos fazer escolhas, no entanto, Goleman alerta que as paixões sabotam a razão. Os sentimentos é outro capitulo que interage com as emoções, quando os sentimentos surgem modifica a expressão corporal, expondo as reações que conhecemos muito bem.

Uma emoção pode levar meio segundo para se transformar em sentimento. Estudos feitos com RMF (Ressonância Magnética Funcional) apontam esse momento da reação, podemos ter muitas informações a respeito desse assunto, mas como resolver? Tenho levado esse tema nas palestras que venho realizando, defendo o autoconhecimento como forma de equilíbrio emocional, percebendo a ciência como fonte de informação, porém não devemos desprezar os fenômenos, o humano é um ser complexo. O mundo caminha para buscar resultados precisos, não obstante das condições contemporâneas que leva a essa mecanização, surgindo assim transtornos psíquicos derivado de uma vida imposta por esse mundo fabricado por alguns.

Essa cidade emocional é vulnerável, várias casas foram construídas em terrenos arenosos ou em manguezais, habitações com muralhas frágeis, parede de vidro e sem teto. É preciso conhecer a casa, sem essa informação há isolamento ou confusão, pois os convidados ou os moradores dessa residência emocional serão afetados por uma endemia emocional. A vulnerabilidade dessa cidade das emoções produz transtornos psíquicos que torna a convivência entre humanos insuportável, observe que muitos estão deixando de ter filhos ou adotando crianças e buscam adoção de gatos, cachorros ou outros animais de estimação cuja emoções são transformadas em sentimentos mais brando.

Analise, reflita! Você conhece as suas emoções? Já visitou a sua cidade emocional?

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